Thursday, October 12, 2006

Mal-entendidos...


Fazem parte do nosso dia-a-dia cruzando-se frequentemente no nosso caminho. Consistem em más interpretações dos factos apresentados gerando uma situações constrangedoras e desconfortáveis, para ambas as partes, ou não, quanto muito para a mal-entendedora. O mal-entendido terá origem no subconsciente que faz a sua interpretação dos factos apresentados como se fossem exactamente o que inconcientemente se esperava? Ou os factos apresentados podem ter múltiplas interpretações levando a uma má interpretação? Creio poder haver ambas as situações. Por vezes estas aparentam ser tão dirigidas que nos levam a entender de forma errada a situação em questão. Haverá um segredo para evitar estas situações do quotidiano? Solução? Não creio... Talvez sejam mais uma das variadas formas do ser humano mostrar a sua riqueza e complexidade, i.e., pelas diferenças, nas formas de estar, de viver, de falar, de mal-entender...

Friday, October 06, 2006

Silêncio


Palavra utilizada para expressar a ausência de som. Conceito que preenche o meu ser e os meus dias. O único som que oiço. Tento substituí-lo e não consigo, tento contrariá-lo, também não. Apesar das tentativas, todas em vão, este som desprovido de conteúdo persiste em povoar o meu ser. Onde estão os ecos das vozes que outrora povoaram o meu ser? E o preenchiam? Será que fechei as portas aos sons que me completavam? Creio que sim. Comportamento gera comportamento e invariávelmente acabo por fechar as portas em ambos os sentidos. Estou um solitário, e com tudo o que lhe é inerente. Os prós e os contras deste estado de espírito. Será consequência do quotidiano? Da idade? Ou uma mescla de todos pos factores que nos rodeiam e o caminhar para uma sociedade cada vez mais independente e egoista? Talvez... ou então a minha necessidade de voltar a sentir o som das vozes sem que as necessite de procurar, desta vez sentir-me procurado, neste momento de transições em que preciso de ouvir algo, alguém. Saber que apesar do silêncio instalado não há necessidade de ouvir mais que este silêncio e sentir-me confortável com o mesmo...

Saturday, September 30, 2006

Colegas


O mundo do trabalho é como uma selva, onde impera a lei do mais forte, a do mais ágil, a do mais astuto. Não existem relações pessoais demarcadas, existem apenas colegas de trabalho. Um colega de trabalho é uma pessoa sem excrupulos que não hesita em passar por cima do outro, se isso lhe trouxer benefício directo. É uma pessoa capaz de atrocidades às relações interpessoais e sociais e não tem qualquer sentido ético ou moral. Normalmente faz-se passar por colega/amigo, por forma a conhecer os pontos fracos do adversário, ou aguardar pelo momento certo para utilizar a tal informação comprometedora que o poderá colocar em vantagem em relação a este. Ou por e simplesmente, apresentar a tal ideia que o distinto colega já lhe tinha confidenciado como se fosse sua, ficando com os louros e, mais uma vez, estar em vantagem.
O colega de trabalho normalmente é uma pessoa recalcada e ressabiada com a vida, produto ou de uma infância triste ou de um determinado acontecimento que lhe causou sofrimento deixando-o marcado para a vida. É uma pessoa incapaz de viver em colectivo, pensar no próximo e até mesmo ajudá-lo.
Como se diz na gíria popular, colegas são as putas, classe social que para conquistar o seu cliente, frequentemente passam por cima umas das outras. No mundo do trabalho, as coisas não são diferentes, todos somos putas aguardando pela primeira oportunidade de lixar o próximo, seja ela de que forma for.
Como seria o mundo do trabalho sem colegas de trabalho? Resultaria? Apenas pessoas desempenhando individualmente ou colectivamente o seu trabalho, cooperando para um bem maior. Onde não houvessem interesses subjacentes para além do bem maior, o sucesso de um todo.
Embora não me considere colega de trabalho, cada vez tenho mais...

Etapas


Uma nova etapa, uma nova vida. Tudo aquilo que sempre sonhei e quis. Viver sozinho. E dou comigo nessa tão ansiada condição de vida. Apesar de estar no local que sempre desejei, dou comigo a olhar em meu redor e para meu espanto, não vejo ninguém... nem vivalma. Ou melhor, vejo multidões correndo frenéticamente correndo de um lado para o outro sem qualquer relação aparente. Talvez seja produto da minha forma de olhar o mundo, mas não vejo relação entre ninguém, apesar de saber que existem. Talvez não me consiga introsar nesse emaranhado de relações/não relações que hoje se cultivam. Sinto parte de um não lugar, um espaço fisíco e mental onde não há lugar a relações, ninguém se conhece realmente nem fazem por isso. Provavelmente consequência da sociedade actual, fria, individualista, calculista onde se cultiva apenas os resultados a nível laboral. E as relações interpessoais? Onde têm lugar? Já não sei... soube em tempos, onde as procurar e de facto encontrava-as.
Pela primeira vez, estou realmente sozinho, sinto falta do calor dos amigos, das noites sem fim, das conversas introspectivas acerca do que perturbava cada um de nós, sinto falta... será esta a tão falada passagem ao estado adulto? Realmente ser adulto não é facíl, trabalhar um dia inteiro, apesar de fazer o que me preenche, mas e o resto? Onde tem lugar? No recesso do meu almejado lar ao fim do dia? Mas uma vez sozinho? Saindo para os não lugares onde mais uma vez não existem relações aparentes embora constate que na realidade existem? Onde estão as pessoas que outrora povoavam o meu ser? Tento chegar-lhes mas não consigo... será que não tento com a força necessária? Ou será que assim que cada um conquista o seu bem-estar rapidamente se esquece dos outros que também já povoaram os seus seres, fizeram parte do seu id? Já se esqueram? Eu não me esqueço... mas caí no esquecimento. Tudo fruto do meu sonho de infância de independência. Afinal preciso das pessoas...muito...

Elementos...


Chega a determinadas alturas da nossa vida em que o stress e as adversidades do nosso tão ”querido” quotidiano nos impelem a procurar algo que sirva de escape, talvez um último reduto antes da insanidade mental. É nessas alturas que surge algo que nos liberte das preocupações, um elemento que ao mesmo tempo é assustador e merece todo o nosso respeito. Enquanto nos confere uma adrenalina sublime, liberta-nos o espírito de tudo o que nos atormenta, por breves instantes, o homem e o mar fundem-se num só, uma relação de simbiose, uma troca mútua entre dois elementos onde um nos proporciona a tal paz de espírito e o outro exige dos seus pares o respeito para com o mesmo. Mas por vezes existem valores que falam mais alto e nos afastam deste tão belo elemento, valores esses não menos importantes, talvez até mais, outras vezes a estúpida letargia de final de semana onde apenas nos apetece ficar quietos e o mar dá lugar a outro elemento, o sofá… Basta!! Este elemento parasita não nos trás a tão almejada quietude de espírito, apenas aumenta a nossa ansiedade por não ter feito nada durante dois dias a não ser exercício de dedo mudando incessantemente canais televisivos. Através do contacto com este elemento parasita, não obtivemos qualquer paz de espírito mas sim aumentamos a nossa ansiedade, i.e., decididamente não estamos preparados para mais uma semana de adversidades e não houve o tão almejado contacto com o precioso elemento. Por vezes a ligação entre a nossa massa cinzenta e o nosso corpo falha e por muito que nos queiramos levantar, simplesmente não conseguimos… Mas sempre que está de volta o sol e o mesmo nos impele a sair da tão abominada letargia e inevitavelmente saímos… E eis que quando damos por nós, estamos no mar…

Contrariedades e adversidades


Desde cedo nos habituamos a lidar com as mesmas, mesmo quando não temos idade para tal, mas o certo que desde cedo nos deparamos com certas e determinadas situações que nos causam angustias e frustrações. É necessário que saibamos lidar com as mesmas, com ajuda ou não. É certo e sabido que as ditas são parte integrante da nossa vida e nos ajudam a crescer; aplica-se a velha máxima, não existem boas ou más experiências, apenas experiências das quais retiramos alguma sapiência o que nos permite amadurecer e seguir em frente. Pelo menos essa é a minha filosofia de vida. É esta velha máxima que me sustenta e conforta nos momentos ditos menos fáceis. Após alguns anos consigo lidar de forma mais conformada com os infortúnios com que me deparo, por menos que queira, estou a crescer e mal a mal, estou a sobreviver nesta selva e neste emaranhado que são as relações humanas. Chego à brilhante conclusão de que não podemos fazer expectativas acerca das pessoas, mas sim limitarmo-nos a aceita-las tal como são. É necessário flexibilidade e capacidade de encaixe para nos moldarmos ao feitio de cada um. É destas diferenças que provem a riqueza e a beleza do ser humano, o complementar de feitios e o emaranhado de relações interpessoais, suas compatibilidades e incompatibilidades. No campo das expectativas, não podemos deixar que estas guiem a nossa conduta, correndo o sério risco de entrar no campo da ansiedade, ansiedade essa que se pode tornar patológica na medida em que deixamos de a controlar. Devemos ter objectivos, lutar por algo que queiramos, melhorarmo-nos a nós próprios. Acredito na capacidade de auto-educação, desde que assim o desejemos, nunca deixando que os nossos objectivos se tornem uma obsessão e esqueçamos tudo o que nos rodeia. Acredito no bem-estar e felicidade existente nas pequenas coisas do dia a dia, aquilo que normalmente nos passa despercebido que realmente merece a nossa atenção...